13/09/2017

Petchibum!


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Cachorros também podem aproveitar a piscina, mas alguns cuidados devem ser tomados.

Por Fernando Inocente

Piscina combina com uma série de palavras: verão, calor, férias, diversão, cachorro… Cachorro? Sim, combina com cachorro também, por que não? Engana-se quem pensa que apenas nós, humanos, gostamos de ter um pouco de lazer e nos refrescar ao mesmo tempo. Mas atenção, as águas de uma boa piscina podem causar grande alvoroço na vida dos animais de estimação. Por isso, para ficar tranquilo e não ter qualquer tipo de problema, tanto para os animais quanto para seus tutores, alguns cuidados são fundamentais, sobretudo em relação à saúde.

De acordo com o infectologista, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alexandre Naime Barbosa, as pessoas podem nadar com seus animais de estimação desde que algumas precauções sejam tomadas para evitar a transmissão de doenças chamadas zoonoses, que podem ser transmitidas do cão para os humanos. “Uma das mais comuns, transmitida por contato direto ou por objetos contaminados, é a dermatofitose, a famosa ‘tinha’, causada por um fungo chamado Microsporum canis.” Ele explica que os gatos podem ser portadores sem apresentarem sintomas, enquanto os cães costumam ter lesões na pele. “Os seres humanos que desenvolvem a micose apresentam lesões avermelhadas na pele, coceira, descamação e, eventualmente, fissuras.” Segundo o infectologista, não é incomum crianças e indivíduos que estão com imunidade baixa apresentarem a tinha também no couro cabeludo.

Já em relação à saúde dos animais, a médica veterinária e especialista em moléstias infecciosas da Unesp Janaína Biotto Camargo explica que os cães costumam apresentar regiões sem pelo de formato arredondado, vermelhidão e crostas e coceira podem estar presentes.

De acordo com a veterinária, o principal cuidado a ser tomado é sempre manter a saúde do animal de estimação em dia. Por meio de consultas regulares, o veterinário pode cuidar da vacinação do animal, receitar medicações profiláticas e fazer o diagnóstico precoce de doenças.

Infectologista e veterinária são enfáticos ao reforçar que diante do quadro de doenças de pele, diarreia ou qualquer outro sinal de que
algo não está bem com a saúde do animal, o ideal é evitar a entrada na piscina. Segundo o infectologista, crianças, idosos e pessoas com problemas imunológicos (infecção pelo HIV, doenças autoimunes, uso crônico de medicações imunossupressoras) são as mais suscetíveis a zoonoses, pois têm o sistema de defesa imaturo ou debilitado e, em razão disso, devem evitar a piscina, ainda mais na companhia de animais. “O cuidado nesses casos, então, deve ser redobrado”, afirma o infectologista.

Outra possibilidade é a transmissão de bactérias e protozoários que causam diarreia nas pessoas, caso sejam ingeridos acidentalmente, como a giardia e E. coli. De acordo com o infectologista, cães com diarreia podem transmitir doenças intestinais, como salmonella, campylobacter, cryptosporidium e giardia, se houver ingestão dessa água. “Já a urina canina tem o potencial de transmitir a leptospirose, caso o animal esteja doente.” No caso de contato com esses animais, é recomendado procurar um infectologista para avaliação de profilaxia com doxiciclina.

Outros cuidados: 

Exposição ao sol – Assim como as pessoas devem evitar os horários de pico do sol, os animais também precisam ser protegidos nesses horários. É o que recomenda a médica veterinária Ana Carolina Teixeira Ibelli, da clínica Vet Vergueiro, em São Bernardo do Campo (SP). Ela explica que o ideal é frequentar a piscina no início da manhã ou final da tarde, já que não são apenas os humanos que sofrem os efeitos do sol. Para isso, existem protetores solares especiais para animais.

Segurança –  Outro quesito importante a ser lembrado é, claro, a segurança. “Muitas pessoas acham que todo cachorro sabe nadar, o que não é verdade. A maioria das raças não sabe e, por isso, é imprescindível que o animal passe por treinamento e esteja sempre acompanhado ao entrar na água”, adverte Ana Carolina. Falaremos mais sobre esse e outros aspectos da segurança de animais em piscinas nas próximas edições da Revista.

Água – A ingestão de água em excesso também pode fazer mal. Normalmente, ela ocorre quando o animal está agitado ao lado da piscina ou mesmo quando brinca com alguma bolinha de borracha. Nessas ocasiões, os cães ingerem mais água. “O correto é não cansar o animal. Brinque um pouco, por cerca de 10 minutos, descanse por três ou quatro horas e volte a brincar. Existem raças que conseguem brincar por horas seguidas, mas é preciso que o tutor pense pelos seus cachorros”, atesta Ana Carolina, enfatizando que o animal pode até mesmo desmaiar nos dias quentes.

Idade mínima –  Recomenda-se que os cães passem a frequentar as piscinas por volta dos seis meses, depois de ter tomado todas as vacinas e medicações. “Não existe uma idade máxima para eles pararem. Animais de pequeno porte costumam viver mais e entram na chamada idade geriátrica a partir dos 10 anos. Já os de grande porte entram nessa faixa etária a partir dos seis anos. Se o animal estiver bem de saúde, não ofegante, tudo bem.”

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É preciso ter cuidado especial com animais de pelo longo. O ideal, segundo os especialistas, é tosá-los antes da época do calor, por duas razões: a primeira é a própria sensação de mal-estar com a temperatura que o animal passa; em segundo lugar, e especificamente no caso das piscinas, os pelos tendem a se soltar com mais frequência, o que interfere na limpeza das piscinas.

Cuidar das unhas dos animais é outra necessidade importante. O risco de arranhões e outros acidentes com os olhos aumenta enquanto os peludos estão brincando na piscina. E, ainda que sejam bastante resistentes, as piscinas de vinil podem ser rasgadas por uma unha afiada. Por fim, os ouvidos e as orelhas dos cães são bastante sensíveis, portanto certifique-se de secá-los adequadamente após aquele ‘tchibum’.

Embora existam muitas preocupações e questões a ser observadas, a presença de animais nas piscinas pode ser bastante divertida para todos. Segundo a veterinária Ana Carolina Teixeira Ibelli, o mais importante é respeitar os limites do animal.