17/12/2021

Os benefícios da natação para bebês de 0 a 3 anos


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A curto e a longo prazo, as vantagens da natação infantil são diversas, mas alguns mitos ainda impedem que os pais se sintam confortáveis para iniciar seus bebês nessa prática

Em muitos países nórdicos, os bebês são iniciados na natação logo que o coto umbilical cai

Não é novidade que a natação e outros esportes aquáticos promovem diversos benefícios para a saúde física e mental, mas o que poucos sabem é que essa prática apresenta vantagens logo nos primeiros meses de vida. Em muitos países nórdicos, os bebês são iniciados na natação logo que o coto umbilical cai. Já no Brasil, por uma preocupação dos pais, a maioria dos bebês só inicia a prática a partir dos seis meses de idade ou após a terceira dose das vacinas.

Os benefícios da natação para o público entre zero e três anos são diversos. Para a Diretora Técnica do Instituto de Natação Infantil (INATI), Sandra Rossi Madormo, é preferível iniciar a prática a partir dos três meses, pois é nessa idade que o bebê fortalece a coluna cervical, o que facilita a manipulação das empunhaduras das atividades, e também porque é o momento em que mãe e bebê já estão familiarizados com as mudanças e a nova rotina pós-parto.

“O que realizamos na piscina até os três meses, é possível realizar na banheira de casa. Nesse período, o banho pode ser um momento de estímulos e relaxamento. Fazendo isso de forma tranquila até o terceiro mês, o banho pode então ser iniciado como uma prática voltada apenas para higiene. Além disso, até o terceiro mês já foram dadas as primeiras doses das principais vacinas, o que pode trazer mais tranquilidade para alguns pais”, explica Madormo.

A profissional também explica que alguns cuidados devem ser tomados para que o bebê mantenha um bom funcionamento do sistema imunológico. Segundo ela, os pais devem estar atentos à qualificação profissional do educador físico, que deve ser especializado em natação infantil. Além disso, o ambiente deve ser ventilado, mas não pode ter correntes de ar, e a água da piscina deve estar com a filtração e desinfecção em dia.

Questões como amamentação, alimentação e qualidade do sono também podem interferir na prática da natação para crianças dessa idade. “É importante respeitar o ritmo do bebê. Se estiver irritado, com sono ou fome, é importante que seja acolhido para satisfazer suas necessidades. Os pais também devem observar mudanças de cor nas extremidades do corpo, como lábios, unhas das mãos e dos pés. Uma tonalidade arroxeada significa uma queda de temperatura, que deve ser evitada com agasalho ou aquecimento da água”, explica.

Após a aula, é importante proteger a criança do frio e possíveis correntes de ar. Além disso, os pais devem secar os ouvidos da criança apenas com uma toalha, evitando o uso de hastes flexíveis no pavilhão auditivo, pois ela pode remover a cera protetora dessa região.

Entre os benefícios para a criança, Madormo explica que só o fato de estar dentro da água já promove maior irrigação sanguínea, umidificação das vias aéreas e desgaste energético, que contribuem para uma melhor respiração, qualidade do sono e alimentação do bebê. “Ao iniciar a movimentação de braços e pernas, ocorre um fortalecimento muscular, que contribui muito nas fases do sentar, engatinhar e andar, além do fortalecimento da musculatura respiratória e da formação de sinapses”, conta.

De acordo com um estudo da Universidade de Griffith, na Austrália, que avaliou mais de 7 mil crianças durante aproximadamente quatro anos, os bebês que praticam natação durante a primeira infância, apresentam na pré-escola melhores desempenhos em relação a habilidades de linguagem, motoras, visuais e cognitivas. Isso significa melhor expressão oral e de comunicação, compreensão, raciocínio matemático e equilíbrio corporal.

Para Madormo, esses índices mostram que as crianças que nadam têm desempenho em níveis altíssimos em comparação ao restante da população. “Muitas dessas habilidades são necessárias em contextos de educação formal, o que nos leva a observar que crianças que nadam podem estar mais bem preparadas para se adaptarem à escola. Essa é uma vantagem considerável, além das habilidades nadadoras e de segurança na água, que podem evitar os afogamentos já que tornam as crianças mais seguras em ambientes aquáticos”.

Apesar de todos esses benefícios, há ainda um mito relacionado à otite que deve ser esclarecido para que os pais se sintam seguros o suficiente para matricular seus bebês na natação. Os casos de otite acontecem independentemente dessa prática, pois não são causados pela entrada de água no ouvido, até porque existe uma Membrana Timpânica que o protege. A otite pode ser resultado da secreção causada por gripes, resfriados e rinites em decorrência de mudança brusca da temperatura e outros fatores não relacionados à água da piscina.

Mais informações sobre natação infantil podem ser encontradas no site da INATI:
https://www.inati.com.br/

 

Fonte:Revista ANAPP Edição 160