02/01/2021

Desabastecimento: o novo desafio do setor para a alta temporada


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Falta de matérias-primas para a indústria de base e de acessórios utilizados na instalação de piscinas são os principais obstáculos para absorver a alta demanda

O ano de 2020 tem sido atípico em todos os sentidos. Apesar da pandemia mundial que provocou o isolamento social e culminou no fechamento de todos os serviços não assistenciais por aproximadamente um mês, o setor de piscinas e lazer tem vivido um crescimento acima da média com recordes de vendas e faturamento desde julho. Um cenário tão positivo e promissor, mas que trouxe grandes desafios para a alta temporada.

Na última edição, a revista da Anapp revelou que alguns itens da cadeia de produção, como plásticos, resinas e equipamentos e eletrônicos que dependem de importação, começavam a dar sinais de desabastecimento. Para o diretor Comercial da Hidroall, Theotônio Uyeda, de lá para cá a situação se agravou e o que se percebe é uma enorme onda especulativa, gerando aumentos significativos nos insumos que impactam diretamente no preço final dos produtos. “O desabastecimento de matéria-prima (plástico/papel) está atingindo toda a indústria, independente do setor de atuação, gerando maior impacto nos segmentos de produtos que não são de primeira necessidade. No nosso segmento, por conta da sazonalidade, a tendência é que o risco de desabastecimento e especulação se prolongue até o final da nossa alta temporada”, explica.

O fato de a Hidroall ter como política trabalhar com estoque superior a três meses na alta temporada minimizou os problemas com a falta de insumos e garantiu o fornecimento regular aos clientes. Além do fato de ter um histórico de testes em embalagens de diversos tipos de materiais que ajudou a companhia se adaptar rapidamente e com segurança neste período de escassez.

Quem também está sofrendo com a falta de matéria-prima e aumentos consecutivos é o mercado ligado às piscinas de vidro. Presidente da Haas Piscinas, Maurício Haas, conta que a falta de resina e gel coat vêm desde julho e que já existem fornecedores prorrogando prazo e até mesmo não conseguindo entregar. “Uma série de fatores contribuíram para que chegássemos a essa situação. As indústrias não estavam preparadas para o aumento da procura porque tinham interrompido a produção por conta do lockdown. A princípio acreditava que em novembro a situação já estaria caminhando para a estabilização, mas com a especulação ainda tão em alta, isso só deve ocorrer a partir de fevereiro ou março”, analisa.

No caso da Haas, um bom planejamento e compras antecipadas também foi o que ajudou a companhia a enfrentar esse momento sem grandes sobressaltos e absorver a nova demanda e cumprir com os prazos.

A situação não é muito diferente entre lojistas e fabricantes, como expõe Edivander Donatti, presidente da Donatti Distribuidora de Piscinas e Acessórios. “A falta de matéria-prima, como o propileno que é usado na fabricação de filtros e placas de aquecimento, ficou bem claro no início de setembro, criando um efeito cascata no setor. Várias empresas acabaram não cumprindo as entregas junto aos fabricantes e estes foram obrigados a repassar isso para os lojistas. Tanto que os lojistas que optaram por aguardar para antecipar as compras junto às fábricas encontraram alguns produtos com preço de 25% a 35% mais caros”, explica.

A boa notícia, segundo Donatti, é que em novembro já foi possível sentir que os leds, controladores, bombas e filtros voltaram a circular pelo mercado e o recesso de Natal e Ano Novo trará o respiro necessário para que o mercado se estabilize. “Com o fim de ano, a tendência é que a oferta fique maior que a demanda e isso fará com que entre janeiro e fevereiro o mercado já esteja 80% dentro da normalidade. A verdade é que, mesmo com esses desafios, acredito que essa vai ser a melhor temporada de todos os tempos”, conclui.

 

Fonte:Revista ANAPP Edição 154